sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Escritos antigos

Combinar madrugada e sonhos, parece indicar pesadelos.
é o imaginário. Ele é feito fora de nós, por outros.

Pensamentos que querem livrar-se podem conseguir seu efeito.
E é que pensar não produz grandes feitos.

Dizem que são os ventos ou o acumulo de nada.
Poucas nuvens de nada pairam sobre uma cidade que dorme.
Aquilo que sentiria como o fardo, obedece a designação de sempre, foge.
O vento mais forte leva. E não tem nada voando, nem caminhando. O mundo deitado prepara-se para aturdir-se.

Ao escapar o lugar fica,
Difícil será ocupá-lo,
o momento do não sei.

Três segundos depois, já eram duas semanas para frente.
O sonho exige tempo,
A madrugada o tem, duas vezes antes do sono, ela vira paz.

Peso de Papel

A gente escreve sobre tudo.
E se vive sobre tudo, dias são matérias da vida.
E cada um deles é cheia, é maré.

Se quer transcrever o pedaço maior do que se sente e nunca se faz,
E mentes expandidas na loucura não retém nada.
Colocam tudo de si, Dizendo tudo, pouco explicado,
Carimbam um papel.

A folha poderia nem existir,
Fora branca,
Depois de tanto, virou cor.

E o peso era tudo o que um papel não poderia suportar,
Mas ele não dobra.
Vira a cabeça, mas não amassa.


segunda-feira, 24 de junho de 2013

vida curva


A gentileza curva. 
A realização, a sorte, o amor, o amparo, qualquer dinheiro, alguma felicidade, a força de ser o que se é. 
A dor mascarada pelo sorriso, a vontade de ir além. 
...Da mesma forma.

Achar que esta forma de reconhecimento pode ser chamada de mal sentimento 
é comum, 
o real é que o humano assombra-se com o humano além.
Humano mesmo é o erro. 

E os nossos dias são repletos de mal entendidos. 

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Lições do hoje

Evitando
algumas centenas de cliques
Descobri
que aprendia um pouco sobre



como gostar do que se tem.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Zero

Querem nos dar, mas nos tiram.
O que mais esperamos é zerar, olhar para o melhor, entender menos do que se tem feito.

Temos direito a todos os erros, desde que não apontemos muito para falhas .
O Mundo que nos cria é o mesmo que nos é permitido ver,
Porém, ainda podemos optar pela maneira que tratamos as formas. Polir é para humanos.

Podemos chamar do que for, que entendam como queiram.
As portas que abro são as minhas e minha dor e meus sonhos explicam tudo isso.
Sobre o que não fecho é a minha fé, eu sei de tudo o que não posso, mas creio naquilo que me convence.

Minha sorte está plantada, talvez venha a chuva e leve,
Mas pode ser que ela lave a minha alma.

E eu não sei, acho que o melhor que temos é o amor que damos,
amor feito de espera, de tolerância e perdão.

É assim que funciona. Doce.

segunda-feira, 29 de abril de 2013

para lugar nenhum.

Poesia é texto de quem não quer ser alcançado, somente lido.
Poético pode ser aquilo que não quer ser concreto.
É vontade de quem quer fazer do sentido mera afirmação de um sisudo qualquer.

Escrever pode ser para a divagação e esta é a aquilo que defino como versão.
Os versos têm neles uma brincadeira própria de quem escreve,
Só a mente que pilota o teclado é capaz de saber o desafio.
A métrica sai torta porque o intuito é um novo arranjo, com enfeites velados.

Quem se aventura a ler, deve saber que é alguém estranho,
Pois perde seu tempo com algo que não é rentável nem faz muito sentido.
Por isso que muitos não leem. Não esses escritos que, como todos, não levam a lugar nenhum.

domingo, 21 de abril de 2013

Filhos do coração

Viviam de comparar-se. Suportar as análises era difícil até para a pele dona dos olhos que julgavam.
Os ouvidos de quem estava perto não conseguia lidar com aquilo. E os corpos sujeitos, avizinhados, àquela lógica disparavam na mesma direção.

A autonomia da própria vida era roubada, a satisfação teria de ser dada para si mesmo e para o outro que julgava-se habitar os lados de cada um. A vida escrava dos ouvidos, olhos e bocas tornava-se curta e longa, ao mesmo tempo.

Já não se sabia a quem devesse responder. Aquilo era a doença e acreditava-se que tudo que viesse dali poderia ser chamado de amor. Poderia até ser, porque de amor andam chamando tudo e qualquer coisa.

Era perceptível os transgressores. Eles eram os mais comparados e, naturalmente, os mais mencionados. Era a vida pras respostas mais deliciosa de se olhar. Encher os lábios de palavras de profundidade e soberania só era possível se uma dupla pareasse e um alvo fosse ruim o suficiente. Os transgressores vinham com suas vidas, o bem mais precioso que tinham, dar voz a mente absoluta dos que conquistaram coisas que o tempo costuma tornar possível.

Era assim, assim que as a violência ficava morando dentro das casas, dentro das mentes. Destruindo a maneira de se ver, as relações de afeto, a esperança tranquila de corações filhos da misericórdia divina.

sábado, 23 de março de 2013

Instintos da Varjota

Olhávamos os apartamentos da zona nobre da cidade. Dois cigarros e dois fios de fumaça, um em cada mão. Eram duas bocas, a minha e a dela. Contudo, nem mãos, nem bocas era o que importava naquele momento, os corpos estavam resguardados para as memórias. A conversa era de duas amigas. Tudo anda tão diferente que esta última informação não diz mais nada.

As cavidades dos rostos mostravam o cansaço que resolve imperar nas vidas. Cansaços do existir, das tentativas, das desistências. A felicidade também não sabia durar em canto nenhum, não era reconhecida por muito tempo. Era isso o que olhar para o alto dos edifícios fazia pensar.

Não lembro mais o que se falava, não lembro de uma linha sequer. Minha mente tem esse hábito de não ter memória para as palavras. Tenho lembrança dos sentimentos. Sentia-se, disto eu sei, que a infelicidade está alastrada, que o conforto proporcionado pelo dinheiro não é transformado necessariamente em ônus, ele implica, inclusive, em desconfortos diversos.

O bolinho de bacalhau estava crocante. Coca Zero dizendo que Quanto Mais Bonito Melhor me fazia lembrar um amor que nunca passou. Memórias espaçadas com vazios. A impressão era a de que o corpo não anda bem, de que paz vem de dentro e que nunca vai fazer muito sentido aguentarmos ter uma vida tão sofrida.

Respondendo ao estímulo dos afetos, pensamos muito, pensa-se bem. A função é apenas ser, nada mais. O exercício pessoal naquele momento era dos mais instintivos: sentar e comer. Nada mais tão animal do que matar a fome. Faz pena pensar agora que as coisas não conseguem mais serem dissociadas do nosso entorno. Não estávamos ali para sentar e comer, fomos para o alívio, era aquilo que devoraríamos a seco, caso fosse colocado diante de nós. Os instintos na Varjota são outros.


terça-feira, 12 de março de 2013

Não é todo conforto que é privilégio, nem todo desconforto que merece deslouvor.
Entendemos o contrário, mas desconforto, sem ser a ausência dos meus direitos é bom e eu gosto.