quinta-feira, 24 de abril de 2014

A nova Graduação

Já somam dois os anos que comecei uma complexa proposta de vida. Cursar engenharia beirando os 30 anos. Sabia que isso precisaria de mais do que um espírito aventureiro e alguma habilidade para números.

Tinha um bagageiro recheado de experiências intelectuais, trabalhos em pesquisa, em produção cultural. No corpo, afetos nutridos pela condição urbana, olhos inquietos procurando rastros de significados de pertencimento, identidades, anseios e práticas de transformação dos lugares. Mirava pessoas, suas falas, seus gestos. Estabelecia relações rápidas e densas com quem virava interlocutor. Criei para mim ouvidos aguçados e escrita ora barulhenta ora tácita, dizeres. Era de dizer que eu queria aparentemente sobreviver. De saber, ver, olhar, ouvir e escrever. Transmitir seria essencial.

Nada disso, nem mesmo todo o apoio e as amizades que encontrei nos percursos (urbanos) e pequenas vitórias cotidianas apagaram meu anseio por vivenciar a rotina de um projetista, de alguém que é completamente absorvido pela realização, pelos resultados concretos. Inicialmente, era de união que queria fazer a minha força, a minha forma profissional. E a profissão passou a ser algo de importância latente. Experimentar a condição de gestora, não ficou de lado como meta. Abracei o que pude para viver em formato de urgência o novo.

No início de tudo, tinha um horizonte de desejo. Turvo e esperançoso. Breve e com anseio de objetividade. Cheio de ouvidos para as percepções sobre a trajetória a ser dia a dia galgada. E surpresas, quantas surpresas.

É justamente do horizonte em exercício que começarei a tratar, algo que não pára, como a vida, como os desafios. Tratarei daquilo que vai crescendo ao mesmo tempo que se transforma em algo apropriado por mim.

Eu estou aguardando os acontecimentos. Esta é a minha nova vida.