quarta-feira, 4 de junho de 2014

De tangente à secante

Paraíso dos números. Depois das atrocidades que os letras fizeram comigo, descanso minha história toda, minhas esperas na arte de decifrar enigmas segundo códigos, códigos que quase esqueci.

O fôlego sempre se renova. Cada conquista tem nela uma recomendação para seguir em frente. E por isso talvez pense que nunca me pareceu tão certo um caminho.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Dias

Ninguém chega a lugar nenhum sem saber onde quer ir. A matéria da conquista são os dias, é o tempo. Mas não precisa disso tudo, dessa maneira de fazer ecoar feito um uníssono de infinitas vozes: vença. Estou mais interessada no passeio até o meu anseio, numa vontade acrescida diariamente, no respiro e transpiro, não no correto e absoluto transcorrer de todos os fatos.

Narro também sobre o coração. Esse intranquilo, querendo voltar a amar uma coisa só, mas não consegue fazer isso pra mais nada. É a maneira de ser múltipla, querendo prender-se ao afeto, à beleza, porque de dureza a vida já está cheia, cheia demais.

E nesse momento, esclareço também que nunca me senti tão sujeita ao equívoco do outro. Simultaneamente, percebo força, uma força, assim, sem nada demais, para lidar com esse tipo de coisa. Eu digo todos os dias: equivoquem-se. Afinal, isso é o fato mais corriqueiro entre todos os mundos.

Os dias vão passando e a vida vai se tornando mais simples. Direta, a vida é uma coisa só, é sobre enquanto estamos. Sempre sendo isso, chegar a algum lugar parece o que menos importa. 

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A nova Graduação

Já somam dois os anos que comecei uma complexa proposta de vida. Cursar engenharia beirando os 30 anos. Sabia que isso precisaria de mais do que um espírito aventureiro e alguma habilidade para números.

Tinha um bagageiro recheado de experiências intelectuais, trabalhos em pesquisa, em produção cultural. No corpo, afetos nutridos pela condição urbana, olhos inquietos procurando rastros de significados de pertencimento, identidades, anseios e práticas de transformação dos lugares. Mirava pessoas, suas falas, seus gestos. Estabelecia relações rápidas e densas com quem virava interlocutor. Criei para mim ouvidos aguçados e escrita ora barulhenta ora tácita, dizeres. Era de dizer que eu queria aparentemente sobreviver. De saber, ver, olhar, ouvir e escrever. Transmitir seria essencial.

Nada disso, nem mesmo todo o apoio e as amizades que encontrei nos percursos (urbanos) e pequenas vitórias cotidianas apagaram meu anseio por vivenciar a rotina de um projetista, de alguém que é completamente absorvido pela realização, pelos resultados concretos. Inicialmente, era de união que queria fazer a minha força, a minha forma profissional. E a profissão passou a ser algo de importância latente. Experimentar a condição de gestora, não ficou de lado como meta. Abracei o que pude para viver em formato de urgência o novo.

No início de tudo, tinha um horizonte de desejo. Turvo e esperançoso. Breve e com anseio de objetividade. Cheio de ouvidos para as percepções sobre a trajetória a ser dia a dia galgada. E surpresas, quantas surpresas.

É justamente do horizonte em exercício que começarei a tratar, algo que não pára, como a vida, como os desafios. Tratarei daquilo que vai crescendo ao mesmo tempo que se transforma em algo apropriado por mim.

Eu estou aguardando os acontecimentos. Esta é a minha nova vida.


terça-feira, 25 de março de 2014

Des-amenizando o mercado imobiliário

Bolha Imobiliária: ninguém fala o que importa. As construtoras têm grande banco de imóveis e o que o consumidor que não comprou quer é que esses imóveis enfim tenham preços próximos à realidade de um mercado que tem grande oferta, equiparada hoje à demanda. Sentimos falta da lei da oferta e da procura nesse ramo, a oferta é grande, sendo que os imóveis são caros, muito caros. Haveria crise com a redução do valor dos imóveis, sim, essa seria a origem da explosão da bolha.

O que aconteceu nos Estados Unidos, das narrativas que ouvi por lá mesmo, foi o seguinte: quem comprou por preços absurdos e viu os mesmos imóveis, e até imóveis melhores, serem vendidos a baixo custo, passou a simplesmente não pagar mais, eles já não podiam suportar os financiamentos e passaram a correr o risco de perderem seus imóveis. Pensavam que ao perderem os imóveis poderiam comprar outro imóvel mais barato, parecia justo.

Essa foi a bolha estourada que desenvolveu um processo em cadeia capaz de ocasionar uma grande crise, esta como todas as outras, mostrou-se relacionada ao consumo. Ok, o desaquecimento de um mercado supervalorizado pode sim (não pode?) gerar uma crise de moratória que atinge mais do que construtores. Até porque antes de não pagar, o comprador do imóvel deixou de comprar outros produzidos por outros setores.

Voltando à nossa realidade penso que essa situação é um exemplo de quando o governo deveria intervir na economia. Sendo que o governo brasileiro, o deslumbrado governo brasileiro, na verdade, foi um dos responsáveis por tudo isso. Como? Ao proporcionar um programa de incentivo à venda de moradia para a classe média baixa ofereceu incentivos que rapidamente tornaram-se uma larga margem de lucro dos construtores. Deu pra observar isso logo no primeiro grande aumento do valor de imóveis. Esse deu no período de lançamento do programa Minha Casa Minha Vida, e curiosamente foi em torno de R$20 mil para imóveis mais afastados dos centros urbanos.

Entendendo que a população teria mais fácil acesso ao crédito, as construtoras trataram de embutir no preço final dos imóveis o incentivo do governo que parecia desnecessário ante a facilidade de pagamento. Ao invés da população ficar com o incentivo, as construtoras o fizeram. Daí em diante vimos os imóveis terem aumentos fora da realidade. Num movimento que foi concomitante a um processo mundial, ou seja, não foi algo unilateral, mas teve relação com ações iniciadas e pouco monitoradas pelo governo.

Diante do realidade de hoje, entendendo as consequências de uma crise nesse setor, compreendo que o medo da bolha deveria ter sido do governo. Eu num primeiro pensamento um tanto imediatista e individualista torço pra que a Bolha Estoure e, consequentemente, para que as pessoas parem de pagar seus imóveis e se aventurem a comprar imóveis mais baratos e que voltemos à realidade.

Mas não é bem assim que tem que ser e nunca deveria ter sido assim. Este é o segundo pensamento da minha fila de pensamentos. Sabendo que o governo brasileiro deveria ter encontrado artifícios de controle mínimo de preços desse mercado, até para que os altos lucros de um setor não afetassem os demais e, ainda, para que a estagnação desse mercado não causasse impacto forte nos índices de empregabilidade, penso que resta esperar do mercado a saída, afinal o governo não tá muito situado. Ok, tô torcendo para que os gestores tenham juízo e para que a "mão invisível" tenha a sensatez de segurar a ganância dos construtores só um pouquinho.

http://www.infomoney.com.br/minhas-financas/imoveis/noticia/3254510/construtoras-tem-estoque-bilhoes-imoveis-nao-vendidos