tag:blogger.com,1999:blog-8840100526425412112024-03-12T23:26:03.391-07:00sem-telhasAbriguei-me e vi que algumas telhas mereciam ser quebradas para que eu visse o céu, visse aqueles pontos brancos na escuridão. Esse espaço pretende trazer de impressões a sensações, de versos a avessos.
Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.comBlogger62125tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-29943665626733576072014-06-04T23:00:00.000-07:002014-08-31T13:47:03.204-07:00De tangente à secanteParaíso dos números. Depois das atrocidades que os letras fizeram comigo, descanso minha história toda, minhas esperas na arte de decifrar enigmas segundo códigos, códigos que quase esqueci.<br />
<br />
O fôlego sempre se renova. Cada conquista tem nela uma recomendação para seguir em frente. E por isso talvez pense que nunca me pareceu tão certo um caminho.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-68603152650267634932014-05-06T22:17:00.001-07:002014-05-06T22:41:43.044-07:00Dias Ninguém chega a lugar nenhum sem saber onde quer ir. A matéria da conquista são os dias, é o tempo. Mas não precisa disso tudo, dessa maneira de fazer ecoar feito um uníssono de infinitas vozes: vença. Estou mais interessada no passeio até o meu anseio, numa vontade acrescida diariamente, no respiro e transpiro, não no correto e absoluto transcorrer de todos os fatos.<br />
<div>
<br /></div>
<div>
Narro também sobre o coração. Esse intranquilo, querendo voltar a amar uma coisa só, mas não consegue fazer isso pra mais nada. É a maneira de ser múltipla, querendo prender-se ao afeto, à beleza, porque de dureza a vida já está cheia, cheia demais.<br />
<br />
E nesse momento, esclareço também que nunca me senti tão sujeita ao equívoco do outro. Simultaneamente, percebo força, uma força, assim, sem nada demais, para lidar com esse tipo de coisa. Eu digo todos os dias: equivoquem-se. Afinal, isso é o fato mais corriqueiro entre todos os mundos.<br />
<br />
Os dias vão passando e a vida vai se tornando mais simples. Direta, a vida é uma coisa só, é sobre enquanto estamos. Sempre sendo isso, chegar a algum lugar parece o que menos importa. </div>
Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-25495536348568998522014-04-24T20:36:00.001-07:002014-10-31T21:03:18.228-07:00A nova Graduação Já somam dois os anos que comecei uma complexa proposta de vida. Cursar engenharia beirando os 30 anos. Sabia que isso precisaria de mais do que um espírito aventureiro e alguma habilidade para números.<br />
<br />
Tinha um bagageiro recheado de experiências intelectuais, trabalhos em pesquisa, em produção cultural. No corpo, afetos nutridos pela condição urbana, olhos inquietos procurando rastros de significados de pertencimento, identidades, anseios e práticas de transformação dos lugares. Mirava pessoas, suas falas, seus gestos. Estabelecia relações rápidas e densas com quem virava interlocutor. Criei para mim ouvidos aguçados e escrita ora barulhenta ora tácita, dizeres. Era de dizer que eu queria aparentemente sobreviver. De saber, ver, olhar, ouvir e escrever. Transmitir seria essencial.<br />
<br />
Nada disso, nem mesmo todo o apoio e as amizades que encontrei nos percursos (urbanos) e pequenas vitórias cotidianas apagaram meu anseio por vivenciar a rotina de um projetista, de alguém que é completamente absorvido pela realização, pelos resultados concretos. Inicialmente, era de união que queria fazer a minha força, a minha forma profissional. E a profissão passou a ser algo de importância latente. Experimentar a condição de gestora, não ficou de lado como meta. Abracei o que pude para viver em formato de urgência o novo.<br />
<br />
No início de tudo, tinha um horizonte de desejo. Turvo e esperançoso. Breve e com anseio de objetividade. Cheio de ouvidos para as percepções sobre a trajetória a ser dia a dia galgada. E surpresas, quantas surpresas.<br />
<br />
É justamente do horizonte em exercício que começarei a tratar, algo que não pára, como a vida, como os desafios. Tratarei daquilo que vai crescendo ao mesmo tempo que se transforma em algo apropriado por mim.<br />
<br />
Eu estou aguardando os acontecimentos. Esta é a minha nova vida.<br />
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGE8a7SBsKi1wMz2ceuspmM-DqXhhCmQ7anA5UUemq1Krpc3oAIS_rby5oq5UGld58NZLD2_aD4tQgdbkijO_FSeXhi4AvgHTbCH0NG9l01YKEikyw68HGacopc00svvxWY-tF9kxaYY_1/s1600/tabela_.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGE8a7SBsKi1wMz2ceuspmM-DqXhhCmQ7anA5UUemq1Krpc3oAIS_rby5oq5UGld58NZLD2_aD4tQgdbkijO_FSeXhi4AvgHTbCH0NG9l01YKEikyw68HGacopc00svvxWY-tF9kxaYY_1/s1600/tabela_.jpg" /></a></div>
<br />Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-42738853573924555372014-03-25T12:00:00.003-07:002014-03-25T12:00:49.949-07:00Des-amenizando o mercado imobiliárioBolha Imobiliária: ninguém fala o que importa. As construtoras têm grande banco de imóveis e o que o consumidor que não comprou quer é que esses imóveis enfim tenham preços próximos à realidade de um mercado que tem grande oferta, equiparada hoje à demanda. Sentimos falta da lei da oferta e da procura nesse ramo, a oferta é grande, sendo que os imóveis são caros, muito caros. Haveria crise com a redução do valor dos imóveis, sim, essa seria a origem da explosão da bolha.<br />
<br />
O que aconteceu nos Estados Unidos, das narrativas que ouvi por lá mesmo, foi o seguinte: quem comprou por preços absurdos e viu os mesmos imóveis, e até imóveis melhores, serem vendidos a baixo custo, passou a simplesmente não pagar mais, eles já não podiam suportar os financiamentos e passaram a correr o risco de perderem seus imóveis. Pensavam que ao perderem os imóveis poderiam comprar outro imóvel mais barato, parecia justo.<br />
<br />
Essa foi a bolha estourada que desenvolveu um processo em cadeia capaz de ocasionar uma grande crise, esta como todas as outras, mostrou-se relacionada ao consumo. Ok, o desaquecimento de um mercado supervalorizado pode sim (não pode?) gerar uma crise de moratória que atinge mais do que construtores. Até porque antes de não pagar, o comprador do imóvel deixou de comprar outros produzidos por outros setores. <br />
<br />
Voltando à nossa realidade penso que essa situação é um exemplo de quando o governo deveria intervir na economia. Sendo que o governo brasileiro, o deslumbrado governo brasileiro, na verdade, foi um dos responsáveis por tudo isso. Como? Ao proporcionar um programa de incentivo à venda de moradia para a classe média baixa ofereceu incentivos que rapidamente tornaram-se uma larga margem de lucro dos construtores. Deu pra observar isso logo no primeiro grande aumento do valor de imóveis. Esse deu no período de lançamento do programa Minha Casa Minha Vida, e curiosamente foi em torno de R$20 mil para imóveis mais afastados dos centros urbanos.<br />
<br />
Entendendo que a população teria mais fácil acesso ao crédito, as construtoras trataram de embutir no preço final dos imóveis o incentivo do governo que parecia desnecessário ante a facilidade de pagamento. Ao invés da população ficar com o incentivo, as construtoras o fizeram. Daí em diante vimos os imóveis terem aumentos fora da realidade. Num movimento que foi concomitante a um processo mundial, ou seja, não foi algo unilateral, mas teve relação com ações iniciadas e pouco monitoradas pelo governo.<br />
<br />
Diante do realidade de hoje, entendendo as consequências de uma crise nesse setor, compreendo que o medo da bolha deveria ter sido do governo. Eu num primeiro pensamento um tanto imediatista e individualista torço pra que a Bolha Estoure e, consequentemente, para que as pessoas parem de pagar seus imóveis e se aventurem a comprar imóveis mais baratos e que voltemos à realidade.<br />
<br />
Mas não é bem assim que tem que ser e nunca deveria ter sido assim. Este é o segundo pensamento da minha fila de pensamentos. Sabendo que o governo brasileiro deveria ter encontrado artifícios de controle mínimo de preços desse mercado, até para que os altos lucros de um setor não afetassem os demais e, ainda, para que a estagnação desse mercado não causasse impacto forte nos índices de empregabilidade, penso que resta esperar do mercado a saída, afinal o governo não tá muito situado. Ok, tô torcendo para que os gestores tenham juízo e para que a "mão invisível" tenha a sensatez de segurar a ganância dos construtores só um pouquinho. <br />
<br />
http://www.infomoney.com.br/minhas-financas/imoveis/noticia/3254510/construtoras-tem-estoque-bilhoes-imoveis-nao-vendidosMárliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-32626229857931815452013-09-20T21:48:00.001-07:002013-09-20T21:48:26.289-07:00Escritos antigosCombinar madrugada e sonhos, parece indicar pesadelos.<br />
é o imaginário. Ele é feito fora de nós, por outros.<br />
<br />
Pensamentos que querem livrar-se podem conseguir seu efeito.<br />
E é que pensar não produz grandes feitos.<br />
<br />
Dizem que são os ventos ou o acumulo de nada.<br />
Poucas nuvens de nada pairam sobre uma cidade que dorme.<br />
Aquilo que sentiria como o fardo, obedece a designação de sempre, foge.<br />
O vento mais forte leva. E não tem nada voando, nem caminhando. O mundo deitado prepara-se para aturdir-se.<br />
<br />
Ao escapar o lugar fica,<br />
Difícil será ocupá-lo,<br />
o momento do não sei.<br />
<br />
Três segundos depois, já eram duas semanas para frente.<br />
O sonho exige tempo,<br />
A madrugada o tem, duas vezes antes do sono, ela vira paz.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-29354805603908096632013-09-20T21:29:00.001-07:002013-09-20T21:32:46.267-07:00Peso de PapelA gente escreve sobre tudo.<br />
E se vive sobre tudo, dias são matérias da vida.<br />
E cada um deles é cheia, é maré.<br />
<br />
Se quer transcrever o pedaço maior do que se sente e nunca se faz,<br />
E mentes expandidas na loucura não retém nada.<br />
Colocam tudo de si, Dizendo tudo, pouco explicado,<br />
Carimbam um papel.<br />
<br />
A folha poderia nem existir,<br />
Fora branca,<br />
Depois de tanto, virou cor.<br />
<br />
E o peso era tudo o que um papel não poderia suportar,<br />
Mas ele não dobra.<br />
Vira a cabeça, mas não amassa.<br />
<br />
<br />Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-62873279501552490652013-06-24T20:10:00.001-07:002013-06-24T20:11:39.661-07:00vida curva<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;"><br /></span>
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">A gentileza curva. </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">A realização, a sorte, o amor, o amparo, qualquer dinheiro, alguma felicidade, a força de ser o que se é. </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">A dor mascarada pelo sorriso, a vontade de ir além. </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">...Da mesma forma.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">Achar que esta forma de reconhecimento pode ser chamada de mal sentimento </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">é comum, </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">o real é que o humano assombra-se com o humano além.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">Humano mesmo é o erro. </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Helvetica Neue, Arial, Helvetica, sans-serif; font-size: xx-small;">E os nossos dias são repletos de mal entendidos. </span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-69270260788692343922013-05-23T19:32:00.002-07:002013-05-23T19:32:20.196-07:00Lições do hojeEvitando<br />
algumas centenas de cliques<br />
Descobri<br />
que aprendia um pouco sobre<br />
<br />
<br />
<br />
como gostar do que se tem.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-55912178227512824722013-05-21T20:59:00.000-07:002013-05-21T21:00:58.232-07:00ZeroQuerem nos dar, mas nos tiram.<br />
O que mais esperamos é zerar, olhar para o melhor, entender menos do que se tem feito.<br />
<br />
Temos direito a todos os erros, desde que não apontemos muito para falhas .<br />
O Mundo que nos cria é o mesmo que nos é permitido ver,<br />
Porém, ainda podemos optar pela maneira que tratamos as formas. Polir é para humanos.<br />
<br />
Podemos chamar do que for, que entendam como queiram.<br />
As portas que abro são as minhas e minha dor e meus sonhos explicam tudo isso.<br />
Sobre o que não fecho é a minha fé, eu sei de tudo o que não posso, mas creio naquilo que me convence.<br />
<br />
Minha sorte está plantada, talvez venha a chuva e leve,<br />
Mas pode ser que ela lave a minha alma.<br />
<br />
E eu não sei, acho que o melhor que temos é o amor que damos,<br />
amor feito de espera, de tolerância e perdão.<br />
<br />
É assim que funciona. Doce.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-61075364473746666472013-04-29T19:53:00.000-07:002013-04-29T19:53:06.832-07:00para lugar nenhum.Poesia é texto de quem não quer ser alcançado, somente lido.<br />
Poético pode ser aquilo que não quer ser concreto.<br />
É vontade de quem quer fazer do sentido mera afirmação de um sisudo qualquer.<br />
<br />
Escrever pode ser para a divagação e esta é a aquilo que defino como versão.<br />
Os versos têm neles uma brincadeira própria de quem escreve,<br />
Só a mente que pilota o teclado é capaz de saber o desafio.<br />
A métrica sai torta porque o intuito é um novo arranjo, com enfeites velados.<br />
<br />
Quem se aventura a ler, deve saber que é alguém estranho,<br />
Pois perde seu tempo com algo que não é rentável nem faz muito sentido.<br />
Por isso que muitos não leem. Não esses escritos que, como todos, não levam a lugar nenhum.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-44893225541565661562013-04-21T19:56:00.000-07:002013-04-21T20:00:40.469-07:00Filhos do coração Viviam de comparar-se. Suportar as análises era difícil até para a pele dona dos olhos que julgavam.<br />
Os ouvidos de quem estava perto não conseguia lidar com aquilo. E os corpos sujeitos, avizinhados, àquela lógica disparavam na mesma direção.<br />
<br />
A autonomia da própria vida era roubada, a satisfação teria de ser dada para si mesmo e para o outro que julgava-se habitar os lados de cada um. A vida escrava dos ouvidos, olhos e bocas tornava-se curta e longa, ao mesmo tempo.<br />
<br />
Já não se sabia a quem devesse responder. Aquilo era a doença e acreditava-se que tudo que viesse dali poderia ser chamado de amor. Poderia até ser, porque de amor andam chamando tudo e qualquer coisa.<br />
<br />
Era perceptível os transgressores. Eles eram os mais comparados e, naturalmente, os mais mencionados. Era a vida pras respostas mais deliciosa de se olhar. Encher os lábios de palavras de profundidade e soberania só era possível se uma dupla pareasse e um alvo fosse ruim o suficiente. Os transgressores vinham com suas vidas, o bem mais precioso que tinham, dar voz a mente absoluta dos que conquistaram coisas que o tempo costuma tornar possível.<br />
<br />
Era assim, assim que as a violência ficava morando dentro das casas, dentro das mentes. Destruindo a maneira de se ver, as relações de afeto, a esperança tranquila de corações filhos da misericórdia divina.<br />
<br />Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-85329017405651804712013-03-23T23:03:00.000-07:002013-03-23T23:10:35.695-07:00Instintos da VarjotaOlhávamos os apartamentos da zona nobre da cidade. Dois cigarros e dois fios de fumaça, um em cada mão. Eram duas bocas, a minha e a dela. Contudo, nem mãos, nem bocas era o que importava naquele momento, os corpos estavam resguardados para as memórias. A conversa era de duas amigas. Tudo anda tão diferente que esta última informação não diz mais nada.<br />
<br />
As cavidades dos rostos mostravam o cansaço que resolve imperar nas vidas. Cansaços do existir, das tentativas, das desistências. A felicidade também não sabia durar em canto nenhum, não era reconhecida por muito tempo. Era isso o que olhar para o alto dos edifícios fazia pensar.<br />
<br />
Não lembro mais o que se falava, não lembro de uma linha sequer. Minha mente tem esse hábito de não ter memória para as palavras. Tenho lembrança dos sentimentos. Sentia-se, disto eu sei, que a infelicidade está alastrada, que o conforto proporcionado pelo dinheiro não é transformado necessariamente em ônus, ele implica, inclusive, em desconfortos diversos.<br />
<br />
O bolinho de bacalhau estava crocante. Coca Zero dizendo que Quanto Mais Bonito Melhor me fazia lembrar um amor que nunca passou. Memórias espaçadas com vazios. A impressão era a de que o corpo não anda bem, de que paz vem de dentro e que nunca vai fazer muito sentido aguentarmos ter uma vida tão sofrida.<br />
<br />
Respondendo ao estímulo dos afetos, pensamos muito, pensa-se bem. A função é apenas ser, nada mais. O exercício pessoal naquele momento era dos mais instintivos: sentar e comer. Nada mais tão animal do que matar a fome. Faz pena pensar agora que as coisas não conseguem mais serem dissociadas do nosso entorno. Não estávamos ali para sentar e comer, fomos para o alívio, era aquilo que devoraríamos a seco, caso fosse colocado diante de nós. Os instintos na Varjota são outros.<br />
<br />
<br />Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-45251384155632495642013-03-12T20:47:00.000-07:002013-03-14T09:37:18.694-07:00Não é todo conforto que é privilégio, nem todo desconforto que merece deslouvor.<br />
Entendemos o contrário, mas desconforto, sem ser a ausência dos meus direitos é bom e eu gosto.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-19431982084969510042012-10-30T20:39:00.002-07:002012-10-30T20:39:53.415-07:00100 anosExiste uma coisa que não podemos sem a arte. Viver.<br />
Poderia ser possível caso não sofressemos, não convocassemos mágoas, lástimas e lágrimas. Caso fosse permitido viver sem belezas viveríamos sem suspiros, secos, com copos de água e coca-cola quando fosse pra esquecer de tudo na hora do almoço.<br />
Caso viver fosse normal, não inventaríamos nada. Morrer é normal, viver é mágico.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-10376978428943989562012-07-09T21:23:00.003-07:002012-07-09T21:28:29.598-07:00...Pode passar.<div>
</div>
<div>
Peço a mim algumas licenças. Todos os dias. Que os outros não cheguem até mim achando que têm direito de tomar-me o que é meu, meu direito a sentir-me bem, nem de uma forma ou nem de outra. Que nenhum formato de sorriso tenha o poder de mudar o meu. Eu sei, não vai ser possível. Que as distrações não me tirem o direito de concluir minhas tarefas. Acredito que existem mais direitos do que deveres. Acredito que deveres não são deveres, eles são direitos, também. Acredito nos prazeres carnais, fáceis, e nos difíceis. Acho até que acredito nos mais difíceis, mas não sei muito lidar com eles. Na verdade, não sei lidar com nenhum. Viver, sorrir e esquecer são as coisas mais essenciais.<br />
Peço licença para beber um pouco de água, só um pouco mais.</div>Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-9121248331350353202012-07-08T22:15:00.001-07:002012-07-08T22:40:34.569-07:00ValoresPorque você anda armado?
Nossa, como alguém pode perguntar uma coisa dessas? Ora, eu gostaria muito de sobreviver...
E tem acontecido de você andar armado...
Sim, sempre ando com um revólver. Este é um princípio que carrego comigo.
Um revólver, um princípio. Não entendo, vejo grandes diferenças entre um e outro. Você leva o revólver e o princípio carregados de munição?
Não, princípios dispensam munição. Princípios são valores.
Certo. Já sabia. Valores de que mesmo? De sobrevivência, né?
É.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-80682794579209395152012-06-25T21:10:00.000-07:002012-06-25T21:10:47.626-07:00Existe
uma pouca importância
no ser
que faz muito mais
do que
o querer muito.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-16237416866135335372011-07-11T20:45:00.001-07:002011-07-15T19:17:39.760-07:00DesavisoFátima deixou na porta de sua casa um papel afixado com goma de mascar adoçada com aspartame. Seu hálito precisava de recursos como estes para não espantar as expressões dos rostos que encontravam bem de frente com o seu. Fatinha bem queria saber porque sua boca tinha aquele fedor de boca de esgoto. Ela assimilava isto com estas mesmas palavras. Via nisto uma possibilidade de atrever-se ao dilema de sua vida, sua boca odorenta. <br /><br />A moça de olhos castanhos, de cabelos castanhos, de pele de uma cor que a borrava aos olhos de muitos, importava-se, sinceramente, muito pouco com os odores de suas gofadas. Não sabia de nenhuma vantagem naquilo, mas não parava para medir as desvantagens que poderiam lhe parecer absurdas. <br /><br />Toda a questão para ela não girava em torno de nada, era aquilo e pronto. Chicletes, dentes e novos cheiros. Nada além. Na manhã da porta da casa, do papel escrito a lápis, preso por 'chiclete' branco sem gosto de nada, ela desavisou que não chegaria para dormir. Despreocupada, Fátima não informou para onde iria, contudo conseguiu a dizer que algo muito novo acontecia e que mesmo assim ninguém precisava alarmar-se. "Hoje, dormirei na casa da amiga Dora". Ninguém conhecia Dora.<br /><br />A goma de mascar imprimiu nos lábios o primeiro movimento. Eles não souberam o que fazer diante de tanta saliva, de tanta vontade. Isto acaba mesmo com corpos nus. <br /><br />O desaviso funcionara, Fátima vivia aquilo que lhe parecia agradável. E não havia quem se importasse com seus sumiços, com seus desavisos. Fátima fora curada de um mal que não sofria, o qual não lhe avisaram existir, pela marca de chicletes sem açúcar.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-64740148905592614522011-03-20T22:49:00.001-07:002011-03-20T22:55:03.079-07:00culpadosMeu peito tava era gritando. Como ele não fala, como deveria, como grita, ele diz coisas que poderiam ser evitadas caso eu tivesse tomado mais cuidado. Ele ta irritado avisando que não pode conviver com toda esta entrega que venho fazendo, esta ausência dos compromissos e este acesso de vontade irrefreada.<br /><br />Pobre do meu peito, tem que me agüentar só pra porque não pode me separar de mim. Por mim, o deixava ir, pra ver se ele viveria melhor as paixões dele com outra mentalidade o guiando, destas paixões calmas que todos falam, mas eu não saberia viver sem aquela pressa que é só dele. Com aquele fôlego de coração dedicado, vivo e permissivo.<br /><br />Eu adoro meus batimentos e não viveria sem eles. Terei de cuidar para que não haja mais chateação. Tudo agora depende desta mente que está ficando velha, mas que deve calcular melhor para onde levar o corpo. <br /><br />Ah! Mas vou dizer, isto tudo também é culpa do coração que finge que é mudo e fala a todo instante, enche-me de sangue bem oxigenado e me leva para frente destas batalhas com tamanha entrega. Ele gosta até de beirar a boca e depois resolver acalmar-se. Ele também não sabe o que faz.<br /><br />Temos cada um algumas parcelas de culpa.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-64762470739560305292011-02-19T21:44:00.000-08:002011-02-20T07:01:41.228-08:00Sobre FortalezaAguentei tua alma murmurando em meus ouvidos por tanto tempo <br />que deixei de entender de almas simples<br />as encontro e logo as rejeito<br /><br />Tua fronte degenerada só me demonstra que o teu íntimo produz deturpações por ele mesmo<br /><br />Perdoando o mundo para cativá-lo<br />Grune alto se ele não te perdoa<br />És o bicho mais ardente que a terra já fez<br />Se fostes feito de areia nunca ia ser carregado pelas forças da natureza<br /><br />Fortaleza não cai com o vento,<br />esta emoção toda que levas e trazes com as expressões que são sem esperas<br />são rápidas e de supetão<br />promovem os sulcos do teu rosto, alegando que és mais vivo que muitos dos vivos<br /><br />Teu corpo poderia enroscar-se em qualquer lugar<br />Mas a tua alma é presa em firmamentos que puxam dos teus pés<br />à medida que qualquer palavra pode lhe colocar em cheque.<br /><br />És das criaturas amarradas, por barbantes enlinhados, ao chão<br />Desfazer o nó poderia ajudar-te, mas eu não saberia o que fazer depois.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-19603918603405212372011-01-29T20:19:00.001-08:002011-01-30T22:25:04.794-08:00gestualNo lugar onde vivi por muitos anos, tudo, pra se tornar ação, precisava fazer algum sentido. Caso não se cumprisse a prerrogativa, algo muito grave poderia acontecer com aquele que agia. O que acontecia, na verdade, era que esta era uma crença e ninguém sabia ao certo se descumprí-la implicava em qualquer sanção das partes divinas. <br /><br />O tempo passou muito até que um belo rapaz ameaçou os sentidos de todas os gestos. Ele veio sem sentido parar ali. Era vivo como todos os outros, mas alegava que não sabia ao certo como chegara no vilarejo. Sua primeira ameaça, um anúncio de importunação a uma suposta ordem do lugar.<br /><br />O rapaz percebeu que a ficção daqueles vivos era diária e que o que se dizia era para dar uma aparência qualquer ao que se vivia. Os parentes, quando se viam, perguntavam um ao outro dos sentidos dos atos, era a forma de se dizer como tudo deveria aparentar. Os encontros eram aulas de conduta. Mas a prática era somente aquilo de todas as manhãs até os finais do dia, somando-se ao sono das madrugadas, era aquilo de fazer tudo para que alguma coisa fosse feita no final.<br /><br />Jovem como um cacho de bananas verde, o rapaz, não entendia nada daquilo, viera de um lugar onde as coisas são grandes e nada fazia sentido. Ele me contou certa vez, que nas ruas as pessoas são muitas, em seu lugar, e elas são desconhecidas e vivem, vivem cheias de intuitos. Elas agem, crescem, reproduzem-se e morrem como se pudessem ter sentido, elas são enterradas mortas, pensam purificar-se depois de cometerem alguns delírios e agem somente quando podem, sabendo inteiramente a razão de cada coisa. Por saberem demais, descobriram que quase nada faz sentido. Muitas delas acham-se desprecisadas de finalidade, outras morrem-se por acharem que desprecisam da vida. Fui daqui para lá e não sei, não sei mais de nada.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-21684567684551719432011-01-17T18:12:00.001-08:002011-01-17T18:22:03.725-08:00BottonA vontade de produzir um tecido bonito para ornar uma pele que anda meio sem brilho veio com um fim de tarde meio cinza, metade azul<br />Tomei vários resumos de idéias, umas conclusões trágico-cómicas daquelas que tenho em minhas trajetórias diárias de lido familiar.<br />Percebi alguma coisa antiga, das mesmas que vivo percebendo<br />Lembrei-me de algumas ruas cariocas e aquele meu tipo de solidão feliz desacostumada com o piso de outro ar.<br />A impressão é que os círculos que fiz eram pequenos e constantes, andava em círculos pequenos. <br />Estava presa a umas duas ideias que me faziam estar no chão e estar circulando. <br />Ainda havia tempo, antes que inventassem as cordas das pernas e das mãos, eu ainda poderia me fazer desamarrada. Era só um pouco de força, um pouco de água, um médio de paciência, algumas conclusões de adeus. E?<br />Já poderia produzir um novo conjunto de impressões. Ao menos teria logo em breve minha alma lavada e um ornamento novo para me enfeitar.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-56899545654093682202010-09-09T21:48:00.000-07:002010-09-09T21:56:09.942-07:00cancroDaqui de cima vejo vidas arruinando-se,<br />podia antes ver tudo que quisesse, <br />até o que não existe, invisível.<br />Teve um dia no qual algo similar a uma compreensão acertada inventou de ser e eu não fui mais.<br />Fiquei no lugar das folhas mortas, daquelas nem varridas pelo vento,<br />das levadas pelas vassouras urgentes.<br />Estava varrida, <br />louca varrida, achando varrer os loucos,<br />achando-me forte, estava eu era dura,<br />endurecendo,<br />virando húmus.<br />Nada morre.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-73898421021986345552010-05-16T16:32:00.002-07:002010-05-16T16:42:08.231-07:00passandoAs nuvens voam de leste para oeste,<br />elas vão, ficam pairando,<br />são pouco óbvias, mesmo sendo sempre brancas, mesmo cumprindo o mesmo itinerário todos os dias, mesmo eu sabendo que elas são um pedaço do Mar que resolveu voar.<br /><br />Elas estão voando, sentem-se paradas, pairadas, <br />são apenas um amontoado que fica vermelho quando a noite se acende.<br /><br />A impressão que tenho é que elas não são nada, <br />não as toco, <br />só as vejo daqui de longe, no horizonte delas,<br />elas não me vêem, porque quem tem olho é furacão,<br />dizem que a Lua, quando é cheia, também tem olho,<br />E o olho da noite tem insônia <br />e eu, também<br /><br />A nuvens são brancas, de rota certa e de forma e final fugazes e sem previsão,<br />Penso que nem tudo que é nuvem precipita, <br />eu digo que tudo que é gente, sim.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-884010052642541211.post-67072968082114659902010-05-09T20:03:00.000-07:002010-05-09T20:21:35.832-07:00Maria das DoresA dor causa na boca um gosto de espera, <br />Há em todas as dores uma forma de anseio incontrolável <br />que o tempo passe e que se vire logo, <br />que se pise logo o momento seguinte. <br />No delírio, <br />chega-se a querer uma outra forma de dor, <br />isto é o mesmo que desespero.<br /><br />A dor não chega a ser apressada, <br />ela depende de seu dono, o obedece,<br />Para que ela passe logo <br />se tem que olhar para o lado, comparar, comparar sentimentos, <br />tem que olhar pra trás, <br />produzindo uma espécie de nostalgia que faz gostar do ruim e do que passou <br />e não daquilo que tinha até cor. <br />A vontade é de comparar, <br />se possível for, comprar e tomar um remédio pára-dor.<br /><br />Dores podem, por vezes, chegar com pressa, <br />como se quisessem tomar uma vida, ver sangue,<br /><br />Dor passa, é substituída e finge que nunca existiu.<br />Sua passagem torna a vida, de certa forma, heróica, <br />Fazendo fingir que é eterna.<br />Dor lateja e engana.Márliahttp://www.blogger.com/profile/04813635318653098393noreply@blogger.com1