terça-feira, 23 de março de 2010

Perto dela

Ela chegou,
ela e seus nervos.
O casal sentou-se a beira do banco amarelo, olhou para o ar. Sim, porque trás dele não havia nada.
Respirou-o.
Caminhou sobre ele.
Estes nervos são fortes mesmo, pensei.
Desfilou fazendo-se ver pelos passantes,
Falava baixo com ninguém -era o que se via
Ela podia morar ali que ninguém se incomodaria,
Era o que todos faziam entender,

Ela e seus nervos, moravam onde os ônibus param -já estava vendo-os, todos eles saltando de seus cabelos, braços e cotovelos.
Todos os dias flutuam, conversam, alimentam-se de sonhos emprestados, de tudo aquilo que lhe dão.
Ela toma qualquer imagem que a ofereçam como começo para mais um de seus sonhos, ela come imagens.
Ela dorme embalada por sua próprias canções.

Se tem família?
Tem pessoas que querem não lembrar.
Isto pode ser uma família, uma forma de estar, de vir.
Da forma como vai morrer?
Me parece que de fome,
fome de tanto esperar o trem.

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