domingo, 9 de maio de 2010

Maria das Dores

A dor causa na boca um gosto de espera,
Há em todas as dores uma forma de anseio incontrolável
que o tempo passe e que se vire logo,
que se pise logo o momento seguinte.
No delírio,
chega-se a querer uma outra forma de dor,
isto é o mesmo que desespero.

A dor não chega a ser apressada,
ela depende de seu dono, o obedece,
Para que ela passe logo
se tem que olhar para o lado, comparar, comparar sentimentos,
tem que olhar pra trás,
produzindo uma espécie de nostalgia que faz gostar do ruim e do que passou
e não daquilo que tinha até cor.
A vontade é de comparar,
se possível for, comprar e tomar um remédio pára-dor.

Dores podem, por vezes, chegar com pressa,
como se quisessem tomar uma vida, ver sangue,

Dor passa, é substituída e finge que nunca existiu.
Sua passagem torna a vida, de certa forma, heróica,
Fazendo fingir que é eterna.
Dor lateja e engana.

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