quinta-feira, 22 de abril de 2010

Coca-Cola

Quando este mundo fica mudo dentro de nós
é quando percebemos que o preconceito é real, sai de nós, bate em nós,
nos acovarda, nos mobiliza,
move gestos, olhos, palavras, nos repete,
figuramos
não, não estamos imóveis, estamos iguais,
nem tremulamos nossos olhos, não cintilamos,
batemos, voltamos pro mesmo lugar.

Porque eu estou fatalizada, entendendo que a livraria é lugar de luxo,
que o lugar da luxúria é lugar de medo,
que existe razão pra todos esses muros altos,
para todas essas caras sérias,
para este mundo ser mudo dentro do elevador,

alguém pode, por favor, trocar de lugar comigo daqui há pouco,

Desta vez, sou eu que estou perplexa, acovardada, virei amiga do medo,
sua comadre.

Por favor, alguém troca comigo daqui há pouco?

Preciso ter vísceras, sangue quente, ter altura, ter panorama.
Eu preciso que alguém troque de lugar comigo,
não vou aguentar esta agonia igualizadora por mais cinco minutos.

Eu vejo de novo que a vida é limitada, que pra muitos perdeu a graça viver, pra mim, porque tenho tudo, inclusive medo de perder o sorriso, ainda me resta os suplicios e as próximas euforias. Por sinal, dizem que isso, a manutenção do fremitar dos lábios é mais precioso que as minhas calças e que os meus chinelos. Isto é o melhor que se pode herdar de uma mãe.

Pronto, é a vez de alguém doer de mal estar.

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