segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Uma coisa que tinha

Tinha ela, aquela menina,
uma coisa em seus gestos,

um sabor encruado,
um medo de pecado, um olhar nada explicado

tinha mãos calejadas,
eram vassoura e rôdo

tinha calos nos pés,
eram passos demais

Era flor até não acabar mais,
Cheiro de flor, anúncio de voz
flor na alma,
flor no cabelo
flor de medo
flores murchas

Seio com textura de flor,
cabelos
e olhos com veludo

Dormia no jardim quando podia
Não gostava da noite,
gosta do dia.
Gasta dias gostando dos dias.
Perde horas junto com papéis,
Tudo leve pra ela, papéis e horas.
Há arrepio nela quando a esperança é vista e quando a morte vem.

Suas palavras pronunciadas eram poucas, se comparadas ao tanto que se fazia com os olhos
Ela queria falar e não sabia pro onde começar,
devolvia presentes quando não gostava
sempre falava quando a alma árdia
ainda hoje é assim.

Ela é ele,
Como poderia?

Um comentário:

  1. Claro que pode. Pode ser ele.


    :)




    E devolver presentes quando não gosta é honestíssimo, inclusive.








    Beijos,










    Marcelo.

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